“Dia útil”

Por: Luiz Carlos Prates

23/04/2019 - 08:04 - Atualizada em: 23/04/2019 - 13:01

Ao meio de um desses tantos feriados “artificiais” brasileiros, ouvi, há pouco, um jovem quarentão fazer uma frase típica dos nossos vezos: – “Pô, quase não me dei conta de que hoje é dia útil, tantos foram os dias de feriado”!

Fiquei pensando, o amigão apenas fez uso de uma frase comum entre nós, dia útil. Mas que é interessante é. Será que existem dias inúteis? Que dias seriam esses? Quem suspira por eles? E toda vez que ouço essa expressão, ou alguém a suspirar por um feriado, lembro-me de muitas biografias que li de grandes empresários e cientistas do bem, gente que nos oferece ou nos deixou grandes trabalhos e serviços.

Essas pessoas, sempre apaixonadas, é uma característica delas, nunca suspiraram por dias “inúteis”, isto é, feriados ou correlatos. Aliás, falando nisso, lembro-me do poeta gaúcho Mario Quintana, com quem convivi nos corredores da Companhia Jornalística Caldas Júnior, em Porto Alegre.

Quintana, perguntado sobre como ele definia o inferno, disse que o inferno a ele se afigurava como um fim de semana sem fim… Que beleza! De fato, há de ser o inferno um fim de semana sem fim, ou uma aposentadoria sem nada para fazer, no caso de pessoas de boa saúde.

Para construir uma vida de realizações, de sonhos virados realidade, de plenitudes de toda sorte, a pessoa não pode olhar para o calendário e nem para os relógios, tem apenas que escutar as batidas do coração apaixonado. Apaixonado por um trabalho, arte, o que for… Por favor, não confundir paixão com esses arrebatamentos físico/sexuais que andam por aí travestidos de “amor”…

Quem quiser ser tem que suar. Ser rima com suor nas paradas de sucesso… Pobres dos tipinhos que vivem sonhando com fins de semana ou feriadões, sem contar os que vivem esperando pelas férias. Você nunca vai encontrar entre esses um vencedor na vida, uma pessoa admirável por algo realizado. Impossível.

Já disse miríade de vezes por aqui que os bilionários da vida e do dinheiro, fora os mandriões das áreas petrolíferas, todos trabalharam ou trabalham o dia todo, esquecem-se do relógio e dos fins de semana, são ocupados por suas paixões de trabalho e produção. Para eles, todos os dias são “úteis”… “Hoje é dia útil”, frase típica da “brasileirada” frouxa, dos que nunca vão conhecer o “ser”…

 

Direitos

Alguém tem que bater na mesa, está tudo uma torneira aberta neste país. Ouça esta manchete: – “Patinete elétrico chega a 10 capitais sem ter regras”. Nenhuma regra. E que regras há para as bicicletas? Qualquer abobado faz o que quer em cima de uma bicicleta e nem aí… Infernizam o trânsito, sentados sobre os “meus direitos”. Que direitos? E as “autoridades”, nada fazem? Bater na mesa é o nome do jogo. Já.

 

Mimimi

Desculpe-me pelo título, é a modernidade… Uma jovem atriz brasileira foi levada ao Calvário por ter desejado a uma amiga “muita merda”. É que essa amiga vai estrelar uma novela. A língua suja se deve à imitação de uma expressão idiomática americana – “quebre a perna”. É o que os atores desejam aos amigos que vão estrear uma peça. Na verdade, é um modo travesso de desejar boa sorte. Credo! Você é educada? Então, suma.

 

Falta dizer

Cuide bem dela, ela é a sua carteira de identidade. Quem? Sua memória. Ela é o estômago da mente. Bem nutrida, informações, leituras e experiências diversificadas, todos os dias, vontade de saber e exercitação continuada fazem de você uma pessoa bonita, agradável, respeitada. A memória só se apaga no tempo para os aposentados existenciais.