Aposentar o espelho – Leia a coluna de Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

02/11/2022 - 05:11

Vamos supor, leitora, que não houvesse espelhos e não pudéssemos ver a nossa imagem, como seria a nossa autoestima em razão do nosso “desconhecido” rosto? Veríamos a beleza ou feiura dos outros, mas não saberíamos da nossa beleza ou feiura.

Pois penso que mesmo assim, em razão dos sorrisos e das aproximações das outras pessoas, teríamos um acre juízo de valor sobre nossa beleza. Digo isso porque mais uma vez acabo de ler manchete sobre a crise mundial por que passam muitas pessoas com suas autoimagens.

Uma neurose em razão, acima de tudo, dos filtros e das redes sociais. Nessas redes, é mentira nossa pra lá, mentira deles pra cá… Não vai mudar. A autoimagem deve se formar a partir das “almas” das pessoas, isto é, de suas essências, de belezas que não podem ser vistas por fora, mas por dentro.

Abrindo a porta para a beleza interior, as pessoas poderiam ficar bem mais tranquilas. Essa beleza, a de dentro, cedo ou tarde vai ser descoberta, e vai ser descoberta por uma pessoa sensível, igualmente bonita por dentro… E em assim sendo, fechava-se a conta, era admiração, amor para sempre.

Mas não, as pessoas levianas continuam a se retocar diante dos espelhos “externos”, a buscar harmonizações que não harmonizam, que desarmonizam por dentro, isso sim. Já contei aqui que psicólogos americanos procuraram por mulheres bonitas, bonitas mesmo, e fizeram com elas uma pesquisa sem que elas soubessem o que estava sendo pesquisado. Era sobre beleza e sentir-se bela.

A surpresa do resultado não foi surpresa para os pesquisadores: 94% das mulheres bonitas, dessas de fechar o comércio, achavam-se feias. Sendo assim, fico a imaginar que as outras 6% estavam mentindo… No fundo, ninguém se acha bonito ou bonita, ainda que muitos o sejam. É questão de autoestima e autoimagem.

Que fique claro, quem tiver beleza interior, cedo ou tarde, vai ser descoberto, descoberta. Ah, vai! E essa beleza não murcha, fica para sempre, como para sempre ficará o amor entre duas pessoas que se descobriram bonitas por dentro. Não é o que conta? Hein, espelho, não é o que conta?

INVEJA

A inveja nos altera as percepções, vemos o que queremos ver, e vemos sempre como melhor as posses alheias. Quem não ouviu, por exemplo, dizer que a grama do vizinho é mais verde que a nossa? Não é, a grama do vizinho não é mais verde que a nossa, a grama do vizinho é “artificial”. Nossos olhos invejosos é que a veem mais verde. Vale para tudo na vida. É por isso as loucuras e mentiras que “todos” postam nas redes sociais. Todos, eu disse…

FILTRO

Ontem ouvi uma guria, guria, sim, 35 anos, dizer que a vida não tem filtro. Entendi-a. O diacho é saber separar o bom do mau e reagir de acordo com a força do que nos chega. O “filtro” de que ela falava é o nosso modo de ver as coisas, às vezes colocamos muito “filtro” para não ver. Mas para tudo há uma saída, a questão é ter cabeça para sair da encrenca pela melhor saída. O “filtro” é a sensibilidade. E pregar, inconscientemente, mentiras a nós mesmos nos liquida. É o que mais fazemos.

FALTA DIZER

Pulga atrás da orelha. Será que o Tite e a direção da CBF vão permitir que algum tosco da Seleção ao fazer um gol na Copa rebole, dance como um entupido mental? Se o fizer, banco, fora do time, basta a imagem de Brasília que já temos no exterior…