Apegos e infelicidade – Leia a coluna de Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

29/09/2022 - 05:09

Não vou dizer que todos nós, humanos, somos uns idiotas, mas… Todos nós fazemos muito uso da “dissonância cognitiva”. Dissonância cognitiva é o descompasso entre o que sabemos e o que fazemos. Até posso dar um exemplo muito pessoal. Não sou recomendado a me atirar em bolachas doces, todavia… Volta e meia, abro o pote das bolachas e me atiro sobre elas como um nadador se atira na piscina. Dissonância cognitiva pura. Será que este idiota não sabe que não deve comer bolachas doces ou doces propriamente ditos?

Claro que sim, mas nós, os humanos racionais, fazemos muito uso de mecanismos de defesa, que são princípios inconscientes que nos empurram para os precipícios dos prazeres proibidos, seja o prazer que for. Se a coisa não nos fizer bem é parar, recuar. Quem é que passa pela vida fazendo isso? Pelo contrário, cada um de nós tem seus potes de tentação. O sujeito mais letrado, mais intelectual do planeta tem seus momentos de cobra, de rastejar de modo constrangedor… Mas temos o poder de uma vida melhor, todavia… Recalcitramos nas repetições indevidas.

Você a de lembrar, leitora, que já contei aqui do príncipe que vivia uma vida infeliz, mesmo nadando em dinheiro e poder. Esse príncipe um dia ouviu falar de Buda, o cara que tinha a sabedoria da vida e que podia ajudar pessoas a serem felizes. O príncipe se ajeitou e saiu em busca de Buda. Andou, andou, gritava por Buda e nada… Continuou andando e chamando por Buda até que… Deu de cara com o sábio. O que queres? – perguntou Buda. – Quero ser feliz, respondeu o príncipe. Ouvindo isso, Buda aconselhou o príncipe a deixar para trás, jogar fora o que ele trazia nas mãos, que era uma sacolinha cheia de moedas de ouro. – Só isso? – retrucou o príncipe. Só, disse Buda. E dito isso, Buda seguiu seu caminho e o príncipe atrás dele. De repente, Buda vira-se para o príncipe que o seguia e o adverte: – Eu disse “solta”!

O príncipe havia jogado fora a sacolinha, mas… Continuava pensando nela, continuava “amarrado” à matéria. Nós somos iguaizinhos, sabemos do que nos incomoda, mas persistimos, não abrimos mão, continuamos a gemer, mas não mudamos. Somos humanos e ir-racionais…

LARGAR

Uma das nossas encrencas na vida é o apego. O diacho é que os nossos apegos costumam ser sobre questões que se bem apuradas não nos levam à felicidade. São apegos sobre questões insignificantes, mas que pelo hábito, por equivocados juízos de valor, pensamos que são coisas importantes. Conheci pessoas que fumavam desesperadamente, nunca conseguiram largar do cigarro, até que… Um médico disse a elas: É parar ou morrer! Pararam. Por que esperar até esse ponto? Por estupidez.

MULHERES

Circule pelos canais de tevê e veja quantos programas “religiosos” estão no ar. Um despotismo indecente. E preste atenção e veja quantas mulheres você encontra pregando, fazendo uso da palavra em nome do “divino”. Raríssimas. Por que essa misoginia religiosa? Bom, não vamos longe, afinal, não inventaram a lorota de Eva ter sido a causadora do pecado original? A força dessa mentira se estende pelos milênios.

FALTA DIZER

É preciso um debate nacional sem “máscaras”. Por que os machinhos não aceitam que uma mulher ponha fim numa relação? Ora, porque lhes fica uma pulga atrás da orelha. Só é dispensado quem não vale nada, e eles logo começam a se imaginar comparados com o próximo amor de suas ex… O fato de ele não ter “servido” derruba os piu-pius.