“Coronavírus e Gestação”

Foto divulgação.

Por: Juliana Bizatto

02/04/2020 - 11:04 - Atualizada em: 02/04/2020 - 11:14

Muito se fala na atualidade sobre a infecção causada pelo coronavírus na população, e não pretendo contribuir para essa enxurrada de informações, porém, devo às pacientes gestantes trazer informações para melhor salvo guardá-las.

Antes de mais nada, deve se reforçar que a infecção pelo COVID-19 é uma doença muito recente para que possamos fazer grandes afirmações, ainda que estejam se fazendo intensas pesquisas por todo o mundo.

Dito isso, existem poucas publicações sobre gestantes e aspectos do parto e nascimento. Eu vou trazer aqui as recomendações oficiais dos nossos órgãos regulamentadores.

Mulheres grávidas não parecem estar mais suscetíveis a contrair infecção pelo COVID-19 quando comparado a não gestantes. Em outras palavras, a chance de uma grávida contrair a doença é igual do resto da população.

Nos casos observados entre gestantes infectadas a doença não foi grave e as gestantes se recuperaram bem após um quadro de pneumonia, e os bebês nasceram bem. Não houve morte de gestantes até o presente momento.

Não há dados de transmissão intra-útero do vírus da gestante para o feto, o que chamamos de transmissão vertical.

Não foi identificado aumento do risco de abortamento ou más formações. Considerando que não houve tempo hábil para que se fosse observado gestantes contaminadas em período inicial e se estas desenvolveram fetos com más formações, não há como afirmarmos com certeza.

A presença da infecção não exige que a via de parto seja cesariana, tudo vai depender da condição da paciente. Se ela estiver com um quadro respiratório estável pode ser realizado parto vaginal.

A recomendação é que não se use banheiras nesse momento e que acompanhantes com sintomas respiratórios não acompanhem o trabalho de parto.

Gestantes em trabalho de parto com suspeita de COVID-1, devem ser admitidas em ambiente separado e atendido pelo menor número de profissionais de saúde possível. E, se caso este trabalho de parto for prematuro, não se deve inibir as contrações.

Neste momento crítico da pandemia a presença de doulas e acompanhantes pode ser restringido a fim de diminuir a circulação de pessoas no centro obstétrico.

As pacientes que estão infectadas pelo COVID-19 podem amamentar, desde que usem a máscara e façam higiene rigorosa de mãos, entre outras medidas para impedir a contaminação do bebê.

As consultas de pré-natal deverão ser marcadas com intervalos maiores dentro da medida do possível. Ou seja, postergando os acompanhamentos em algumas semanas para novamente diminuir as aglomerações (por exemplo: se a sua consulta seria em 2 semanas, ela pode acabar sendo remarcada para daqui 3 ou 4 semanas).

Gestantes profissionais de saúde com idade gestacional acima de 28 semanas deveriam ser poupadas do contato direto com pacientes.

As consultas eletivas (sem urgência, de rotina ou queixas que podem aguardar algumas semanas ou meses) foram orientadas a ser suspensas pelo conselho federal de medicina.

Entretanto, pré-natal não é considerado consulta eletiva devido questão tempo sensível. Quando me refiro as consultas eletivas acima seria sobre ginecologia (casos não urgentes) e entre outras especialidades quando a questão tempo não é determinante.

Todos devemos fazer a nossa parte, manter o máximo de isolamento social possível, tornar a higiene das mãos nossa prioridade, atender a etiqueta de tosse, evitar encostar no rosto, principalmente quando fora de casa. Ao chegar em casa, retirar as roupas utilizadas antes de circular pelo seu ambiente familiar, se possível deixar um par de calçados e roupas exclusivo para ambiente externo.

Por mais que seja sacrificante a ausência física daqueles que mais amamos, e o confinamento causar em nós uma sensação de aprisionamento, o que não deixa de ser em sua essência, temos que ter em mente que é um período que vai passar, e quanto mais formos responsáveis nesse período, altruístas e educados, quanto antes as nossas vidas voltarão a normalidade, e sem termos que arcar com a perda de pessoas próximas.

Referências Bibliográficas:

  • Infecção pelo Coronavírus SARS-CoV-2 em obstetrícia. Enfrentando o desconhecido!. Febrasgo – 23/03/2020.
  • Nota técnica aos médicos: gestação em tempos de COVID-19, Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetricia do CRM=SC, Março de 2020. Atendimento Obstétrico durante a pandemia de COVID-19

Dra. Juliana Bizatto

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