“Educação sexual: prevenção para a saúde”

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Por: Francisco Hertel Maiochi

26/03/2018 - 10:03

Sexologia é uma ciência da saúde, e assim como em outras áreas da saúde, existem múltiplas formas de abordar uma questão.

Vamos pensar em uma questão de saúde geral, para depois entendermos como isto funciona com a sexualidade. Imaginemos uma questão com o coração. Quando alguém tem um problema de coração, a pessoa consulta um cardiologista, que pode diagnosticar o problema, e recomendar um tratamento.

Isto seria abordar a questão depois de o problema ser apresentado, e em um nível individual. Mas sabemos que problemas do coração podem surgir por uma série de motivos, como sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de sal e gordura, por exemplo.

Uma prática de saúde pública, preventiva, é educar as pessoas em relação aos riscos que correm, e como preveni-los. Dando um passo além, podemos promover hábitos saudáveis ainda mais ativamente, como ofertar oportunidades de exercício físico, ou ensinar as pessoas a cozinhar alimentos de forma saudável.

Em sexologia, temos uma série de problemas que podem acontecer com a sexualidade ao nível individual, relacionadas às capacidades de dar e desfrutar de prazer, como questões de ereção, dor, desejo. Todas estas são questões importantes, e certamente procurar ajuda por fazer muito por elas.

No entanto, assim como nas doenças do coração, existe um outro lado da saúde, que é o preventivo, onde podemos educar as pessoas sobre formas de evitar estas questões em primeiro lugar. Infelizmente, a sociedade muitas vezes rejeita estas discussões muito antes de saber do que se tratam, e com isso criamos problemas para as gerações futuras.

Uma destas formas de evitar problemas é a educação sexual. Esse é um termo amplo, que abrange diversas informações, desde os níveis mais básicos até os mais avançados, assim como diversas matérias do conhecimento, e assim como todas as outras, é importante aprendermos as bases desde cedo.

Dando um exemplo, a educação sexual com as crianças ensina quais são as partes do corpo, as diferenças entre corpos, saber quais são as partes que pessoas podem tocar, como num abraço, e aquelas que não podem ser tocadas por ninguém, por exemplo.

Educação sexual na infância ajuda a prevenir traumas, abusos, e já vimos várias notícias de crianças que finalmente conseguiram entender situações e denunciar violências sofridas após ter este tipo de educação.

Às vezes pode parecer difícil ou intimidador ter estas conversas com as crianças pelas quais você é responsável, especialmente porque tão poucos de nós realmente tivemos uma educação nós mesmos, e podemos nos sentir inseguros.

Não tem nada de mal em procurarmos ajuda para saber o que é apropriado para cada idade, como abordar os assuntos. O problema é não fazer falar nada, adiar a conversa, ou até proibir uma conversa, que deixa os jovens vulneráveis, aumenta a probabilidade de encontrarem informações falsas e se exporem a riscos desnecessários.

Educação, sobre a saúde ou sexualidade, pode nos fazer confrontar com hábitos ruins, ou informações equivocadas que acreditamos a um bom tempo, mas precisamos lembrar que uma boa educação, baseada em ciência, vai nos poupar de sofrimento e promover uma vida saudável.

 

Francisco Hertel Maiochi (CRP 12/10098) – Psicólogo Clínico formado pela ACE, Pós Graduado em Clínica de Orientação Psicanalítica pela PUC-PR, Mestrando em Sexologia pela Universidade Lusófona de Lisboa.

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