“Dia da Mulher”

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Por: Francisco Hertel Maiochi

09/03/2020 - 13:03 - Atualizada em: 10/03/2020 - 17:04

No último domingo (8) foi celebrado o Dia Internacional da Mulher, que desde seu início teve fortes conotações políticas em busca da igualdade. Na época em que este dia começou a ser pensado, mulheres não votavam, não estudavam, não podiam ter propriedades, inclusive, eram propriedade, de seus pais e maridos, que dispunham delas como bem entendiam. Por muito tempo mulheres eram coisas, não pessoas.

Quando a psicologia iniciou como tratamento, foi para tratar mulheres, que de tão reprimidas a desempenhar papéis sociais de perfeição e recato, e também a negar sua sexualidade, acabavam por ter sintomas físicos, o que era chamado de histeria, significando basicamente “útero virado”.

Os terapeutas no início eram quase todos homens, afinal eram pouquíssimas as mulheres que poderiam estudar em instituições universitárias. Mesmo as que estudavam não eram levadas a sério. Por décadas se considerou que mulheres entravam em universidades só para procurar maridos.

Até hoje a ciência perpetua um tratamento desigual. Na própria sexologia, a vasta maioria dos estudos científicos estuda disfunções masculinas. Na medicina, a maior parte dos tratamentos ainda é testada majoritariamente em homens, e não se estudam as possíveis interações dos tratamentos em corpos femininos.

As mulheres conquistaram muito neste último século, mas ainda estamos longe da igualdade.

Na esfera doméstica isto continua claro. As mulheres ainda apresentam mais sofrimento psíquico. Mais responsabilidade recai sobre seus ombros, e a tripla jornada, trabalho, casa e filhos não é rara. Muitos homens já ficam orgulhosos de “ajudarem” suas mulheres. Fazem o que elas pedem. Mas quando tarefas são divididas igualmente, ninguém está ajudando, estão todos dividindo trabalho. Verificar o que precisa ser feito, comprado, consertado, lavado, e organizar tudo isso também é trabalho. Trabalhos de gerência fazem justamente isso.

Homens também sofrem nesse sistema todo, sem dúvida. Somos educados a não ser frágeis, a não demonstrar fraqueza. Não admitimos quando estamos machucados, doentes, física e psicologicamente, por exemplo. Por causa de coisas assim, morremos mais cedo, tanto de doenças, quanto de suicídio.

Sentimos que não podemos pedir ajuda. Infelizmente, esse nosso comportamento também acaba colocando ainda mais responsabilidade nos ombros das mulheres da nossa vida, que se sentem responsáveis, e precisam dedicar tempo e energia para tirar a nossa bunda do sofá e ir naquela consulta, tomar aquele remédio, fazer aquele tratamento.

Então nesse dia minha mensagem para os homens é essa. Vamos recolher nossa própria roupa suja, lavar nossos próprios pratos, ver o que falta na despensa e chegar do trabalho com compras feitas. Sejamos corajosos o suficiente para admitirmos a nós mesmos nossas fragilidades.

Vamos reconhecer que temos limites, e procurar nós mesmos a ajuda que precisamos, e ligar nós mesmos para marcar aquele médico, dentista, psicólogo, que precisamos. Certamente as mulheres que amamos ficarão mais gratas do que com qualquer buquê de rosas.

Francisco Hertel Maiochi – Espaço Ciclos

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