“O que sabemos sobre a melatonina, o hormônio do sono”

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Por: Erika Tavares

08/03/2022 - 05:03

Em outubro de 2021 a Anvisa autorizou a venda da melatonina em farmácias sem a necessidade de prescrição médica. Esta decisão está alinhada com o que já ocorre em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Entretanto, o que precisamos ter cautela é que não é uma substância inócua e seu uso sem indicação pode acarretar malefícios.

“Precisamos deixar claro que a melatonina pode até ser uma ferramenta terapêutica, mas não vai ser indicada para todo mundo”.

A melatonina, hormônio do sono, é produzido naturalmente pelo nosso organismo no sistema nervoso central, na glândula pineal. Há um aspecto muito importante no processo de produção: ele só ocorre na ausência de luz. Conforme anoitece e o Sol se põe, a produção da melatonina começa a acontecer no cérebro. O objetivo é preparar o organismo para o sono ao longo do período noturno. A sinalização do ciclo circadiano, ou seja, dos ciclos de 24 horas, para todos os órgãos do corpo é dada justamente pela melatonina.

Durante a madrugada, conforme o dia vai clareando, a produção da melatonina vai reduzindo até ser interrompida, preparando o corpo para o despertar de um novo dia. Só que esse ciclo de sono e vigília, determinado em grande parte por esse hormônio, pode ser atrapalhado por uma série de fatores, internos e externos, a começar pela exposição à luz durante a noite.

A grande quantidade de estímulos visuais existentes na atualidade, como TV, tablet, notebook, prejudicam consideravelmente o sono, visto que a luz das telas reduz a produção dessa substância. Com baixa na melatonina, a qualidade do sono, ou até mesmo a quantidade de horas dormidas, acabam prejudicadas. Mas, além desses fatores externos, a fabricação do hormônio do sono também pode ser afetada por algumas doenças específicas ou pela própria idade – jovens tendem a produzir mais melatonina que os idosos.

Outras questões a serem ponderadas é que não estão disponíveis em larga escala exames para medir a quantidade de hormônio do sono e determinar se há uma deficiência no organismo; assim como não há um consenso de qual é a dose adequada para obter um efeito terapêutico nos pacientes que têm indicação de uso.

De acordo com a literatura científica, a suplementação da melatonina pode auxiliar em alguns casos. Uma situação são os idosos que apresentam dificuldades para dormir; outra são alguns distúrbios do sono bem específicos. E uma terceira indicação seria em viagens para outro país com fuso horário muito diferente. O hormônio ajuda na adequação à nova rotina sem passar pelo fenômeno do jet lag — distúrbio temporário do sono em que o relógio biológico está fora de sincronia com o horário local.

Se você apresenta constantemente dificuldades para pegar no sono (ou manter-se dormindo), ronca durante a noite, tem sonolência ao longo do dia ou fica com aquela sensação de sono não reparador; antes de comprar o produto na farmácia sem saber se realmente há indicação, o correto é procurar um neurologista, ou um pneumologista especialista em medicina do sono. O qual irá fazer uma avaliação aprofundada e entender os motivos que estão por trás de todas essas dificuldades.

Antes de iniciar o uso de medicamentos indutores do sono, ou da melatonina, devem ser tentadas medidas para higiene do sono. Uma das principais modificações é justamente aumentar a exposição à luz durante o dia e diminuir o contato com telas e lâmpadas no período noturno. Essa alteração já pode fazer toda a diferença na produção natural de melatonina e garantir um descanso de melhor qualidade.

Onde encontrar

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