“Depressão e exercício físico: qual a relação?”

A combinação do excesso de estímulos da vida moderna com toda a apreensão causada pela pandemia global de Coronavírus sedimentou a busca por saúde mental como um dos principais desafios e prioridades da humanidade. Segundo pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito ao longo de 2020.

Nesse cenário de crescimento vigoroso, muitas estratégias tem sido utilizadas como meditação, técnicas de respiração, yoga, leitura e esportes —todas altamente benéficas e validadas pela ciência.

A depressão é a principal causa de incapacidade no mundo, afetando 322 milhões de pessoas. O diagnóstico de depressão é feito a partir da existência de determinados sintomas por pelo menos 2 semanas, de: sentir-se deprimido a maior parte do tempo e perda de interesse nas atividades diárias; e pelo menos 3 dos seguintes: alteração de peso, distúrbio de sono, fadiga ou perda de energia, sentimento permanente de culpa e inutilidade, dificuldade de concentração e pensamentos recorrentes de suicídio ou morte.

Assim como nos casos de ansiedade, o tratamento para a depressão é essencialmente baseado em medicamentos. No entanto, dados mostram que a terapêutica medicamentosa é totalmente eficaz apenas para um terço dos pacientes deprimidos, o que mostra a necessidade de aliar terapias adjuvantes, como atividade física, meditação e terapia.

Segundo uma revisão de estudos – com participação de mais de 3 milhões de indivíduos adultos -, evidenciou-se que a atividade física pode fornecer proteção clínica para pessoas com risco de desenvolver depressão. A inflamação foi identificada como um potencial contribuinte para o desenvolvimento da depressão, e o exercício físico regular, como terapia anti-inflamatória, pode ser eficaz na prevenção e controle dos sintomas depressivos.

Além disso, concluíram que qualquer nível de atividade física atenua o risco de depressão, mas níveis moderados e elevados de atividade estão mais associados a um risco menor. Essas conclusões independem do sexo, idade, período de acompanhamento ou país da pesquisa.

Uma das hipóteses levantadas para a associação favorável entre exercício físico, prevenção e controle de transtornos do humor é de que essas pessoas exibem volumes menores de uma região do cérebro chamado hipocampo, responsável pela aprendizagem, formação e consolidação da memória e regulação das emoções. Enquanto a literatura demonstra que o exercício pode melhorar o funcionamento e o volume do hipocampo. Assim, o bom funcionamento do hipocampo pode contribuir para impulsionar a regulação do processamento emocional e respostas ao estresse, que são funções deficitárias em pacientes com depressão.

Mesmo com tantos benefícios comprovados, a prática regular de exercícios ainda é um desafio para muitos pacientes. Mesmo com recomendação médica, há uma grande resistência para criar e, principalmente, manter esse hábito. Sempre recomendo aos meus pacientes a iniciar de forma lenta, nem que seja 10 minutos por dia, todos os dias, e ir evoluindo de forma gradual. A disciplina é fundamental para persistirmos no hábito, sempre com foco em nossa saúde física e mental.

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