“Por que a verdade dói… às vezes?”

Foto divulgação | KD Frases

Por: Emílio Da Silva Neto

15/10/2021 - 03:10

Em sua coluna “De peito aberto, Luciano Hang domina a arena da CPI”, Alexandre Garcia utiliza, já no início do título, muito convenientemente, a locução adverbial “de peito aberto”.

Emblematicamente, “de peito aberto”, entre tantas outras interpretações, significa estar-se tranquilo quanto a verdades a serem descortinadas, ou seja, sem temor, principalmente porque “o tempo é o dono da verdade”.

O problema é que com a dinâmica alucinante da atualidade, nem sempre pode-se “dar tempo ao tempo”, pois autores e insufladores das fake news bem sabem que “uma mentira repetida n vezes torna-se verdade”, ainda mais que disseminada virtualmente, com amplo alcance.

A vítima da mentira produzida nas mídias sociais quase sempre sofre como todo brasileiro, naquele fatídico jogo 1 x 7 contra a Alemanha, na Copa de 2014, ou seja, fica paralisado, como que sedado, em coma ou achando que basta acordar para acabar. Mas, ao “se beliscar”, conclui que tem que reagir, tem que contar a sua versão da verdade.

Mas, o que é mais difícil ? Comprovar uma verdade ou sustentar uma mentira? Ao mentiroso, a legislação internacional propicia o princípio “nemo tenetur se detegere” (o direito de não produzir prova contra si mesmo). Assim, ao acusado, só resta encolher-se, humilhar-se ou autodefender-se, sob olhos do público, sempre enviesados pelas acusações ainda não comprovadas.

“Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra” disse Jesus aos fariseus, perante uma mulher acusada de adultério, deixando todos aqueles que assistiam, sem forças, nem tão pouco razão, para condená-la, saindo, em seguida, cabisbaixos. Nenhuma pedra foi lançada, pelo que se sabe. Depois de todos saírem, Jesus se aproximou e perguntou: “mulher, onde estão aqueles que te condenavam? Vá e não peques mais!”

Moral da história: ninguém, ninguém mesmo, é ‘santo’ e, assim – mais que julgar – que ninguém minta sobre ninguém, muito menos, buscando infligi-lo sofrimento, culpa ou condenação, pois, muitas vezes, está-se projetando no outro, algo que é de si mesmo.

Neste sentido, vale lembrar um péssimo exemplo de gente escolarizada, com n privilégios (dignos de czares, reis e faraós): “metade dos magistrados brasileiros se acha um deus e a outra tem certeza disso”. Por isso, também, que em pleno país pacífico, mesmo pobre de valores, a ‘verdadeira’ verdade raramente vem à tona, como, por exemplo, no caso Lava Jato, onde um dos maiores corruptos de toda a história brasileira, se diz “o mais honesto deste país”. Triste inverdade, engolida como verdade, pelos puros (?!?) desinformados!

Até é difícil acreditar em mudanças sensíveis, para melhor, a curto prazo, pois, segundo velho pensamento, “gente ruim – pode passar o tempo que for – não muda, não amadurece… felizmente, a maioria ‘só’ apodrece… mas, demanda tempo”. Até lá, procuram diminuir outros, para se sentirem maiores, esquecendo a lição bíblica de “tirar a trave do próprio olho, antes de querer tirar o cisco do olho do outro”.

Aliás, há muito, a gestão pública (legislativo, executivo e judiciário) do Brasil encontra-se atolada até o pescoço, em desvios de verbas e atos de corrupção, e há pouquíssimos, neste meio, livres destes pecados, ou seja, com moral suficiente para condenar e, melhor muito melhor. “Começar um novo começo”.

Também na sociedade brasileira, a mentira tem tanto glamour, que, no momento, há até dois filmes sobre o assassinato do casal Richthofen, em 2022, cada qual com uma versão totalmente contrastante da do outro. Sob a ótica da filha Suzane, chama-se “O menino que matou meus pais” e sob a ótica do namorado Daniel, chama-se “A menina que matou os pais”.

Os dois filmes, ficando na superfície do caso, deixam que o público seja manipulado pelos protagonistas, pois confrontar as versões de ambos, por si só, não ilumina a verdade dos fatos.

Enfim, na verdade, não se pode afirmar que a verdade tem dois lados. No máximo, que a única verdade está entre as diversas versões dos envolvidos, pois a verdade, ao contrário de uma moeda, tem um só lado. O outro… é o da mentira!

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Emílio Da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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