Finados: refletir sobre a finitude é intensificar a vida

Por: Editorial

02/11/2021 - 06:11

 

Tradicionalmente, o Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro em diversas culturas e religiões, é uma data para homenagear os entes queridos que já morreram. Embora essa data tenha estreita ligação com a religião católica, a origem dela remonta de antigas e extintas civilizações como, astecas, celtas, egípcia, entre outras.

Presente em todas as culturas de todos os povos do mundo, a morte, lamentada ou festejada, de acordo com seus ritos, ainda é a maior tragédia humana. Continua sendo um mistério, por envolver incerteza e medo do que é desconhecido. Segue sendo a angustiante condição de se saber que existe sem se saber como é e quando será. Por isso, evita-se pensar sobre ela.

Figurativamente, ela assemelha-se à história da ‘Espada de Dâmocles.’ Reza o clássico conto que Dâmocles era um cortesão do tirano Dionísio, de Siracusa, que tinha fama de ser um afortunado. Certo dia, Dionísio ofereceu-se para trocar de lugar com Dâmocles por um dia, para que este também pudesse sentir o prazer daquele status, servido em ouro, prata, mulheres, vinho, comida e bajulação. Mas, para isso, Dâmocles precisaria usar uma espada afiada sobre o pescoço, presa por um fio de rabo de cavalo.

Quando vê a espada suspensa fragilmente sobre sua cabeça, o mesmo declina da proposta troca. Traduzida para nossa realidade, a Espada de Dâmocles pode simbolizar, na essência, a imprevisibilidade da morte e, ao mesmo tempo, a efemeridade da vida.

Portanto, a reflexão que se propõe para o dia de hoje poderia bem ser: porque se teme tanto a morte? Não seria pelo fato de se conhecer pouco da vida? É preciso refletir sobre a morte para se intensificar a vida.