“Uma vírgula”

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Por: Andreia Chiavini

31/07/2020 - 10:07 - Atualizada em: 31/07/2020 - 11:54

Muito se fala que, desde que a Pandemia começou, muitas coisas mudaram, acredito que as mudanças já estavam acontecendo antes disso. Talvez, porque já estávamos doentes, numa sociedade doente, vivendo num mundo doente. Como se fossemos “mortos vivos”, aqueles que morrem em vida por se tornarem escravos da rotina, das coisas que não gostam, por seguirem padrões, por viverem uma vida sem sentido.

Uma zona de conforto criado por nós mesmos e não percebíamos que estávamos vivendo um caos. A pandemia veio para colocar uma vírgula nesse contexto todo. Como num texto. A vírgula veio dar nexo, ênfase e pausa na frase que vivíamos.

As palavras estavam numa sequência onde já não fazia mais sentido e estavam assumindo outro sentido qualquer. A vírgula, pode salvar e ser a solução, pode criar heróis, ela tem poder, mesmo que por um pequeno instante. Serve para respirar e retomar.

A vírgula é uma nova chance. Chance de mudar a frase, mudar de opinião, mudar de atitude, chance de mudar o pensamento, mudar o hábito, rever o que te incomoda, entender o significado da vida. A dor por exemplo, é uma vírgula, ela faz parte de nossas vidas, física ou emocional.

E quando a dor aparece, instala-se o caos em nós. Ela é só nossa, individual, e é a única coisa que conseguimos realmente sentir naquele momento. Imediatamente queremos nos livrar dela, essa dor que tanto atormenta, tentar voltar a fazer ou ser como éramos antes dela aparecer.

Mas a dor veio para te mostrar que não temos o controle de tudo. Mesmo quando o mundo desaba sobre as nossas cabeças, a dor tem que durar o tempo suficiente para o aprendizado e permitir novos pontos de vistas, novas opiniões, subir degraus, evoluir, sacudir, transformar.

É preciso ter consciência de que o caos faz parte e a vírgula surge. As pessoas de ontem não são mais as mesmas de hoje e, com certeza, as decisões de ontem também não serão mais as decisões tomadas hoje.

Somos mutáveis e a cada dia precisamos reprogramar o nosso olhar sobre as coisas. Não ter um ponto de vista fixo. Nos dar direito às vírgulas, não engolir as dores para ver se digerem no estômago, e sim, buscar caminhos para continuar a frase com melhor compreensão.

Adoecemos porque guardamos as coisas mal digeridas dentro de nós. É necessário colocar virgulas na nossa vida, nos dar o direito de interpretarmos o texto. Vivermos os nossos sonhos, vivermos os pequenos momentos, os instantes.

Somente você consegue compreender as tuas vivências, os teus registros, as tuas emoções. Quando você se permite, começa a perceber que tudo são passagens entre a pessoa de ontem e a de hoje, são resultados de escolhas até uma vírgula e que podem mudar após ela.

E como escreveu Augusto Cury: “A vida é um grande e completo texto, que precisa de muitas virgulas para ser escrito, ainda que essas virgulas assumam em alguns momentos, formatos de lágrimas”.

A dor faz parte, mas ela tem que ser uma vírgula na sua vida. Eu acredito que além da vírgula também é preciso coragem de se abandonar do ontem para viver um hoje com muito mais encantamentos, sem medo da caminhada.

Viver, de fato, é evoluir, é sentir motivação de ser melhor, sentir prazer, sem um ponto final, no mesmo ponto, para sempre. Viver é colocar muitas vírgulas para continuar a escrever suas histórias.

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