“Descobri que tenho três hérnias de disco na coluna lombar, sinto muita dor há meses e agora o medo toma conta de mim. Não posso mais fazer nada”. O que me preocupou, não foi o diagnóstico e nem os sentimentos da pessoa, mas sim quando soube o que sugeriram-lhe, repouso absoluto até que a dor cessasse. Essa dor não vai passar!!! Ela já está medicada há meses, como o repouso irá reduzir a dor? Será que não sairá mais da cama? Não vai mais trabalhar, sair ou ir ao mercado?
A falta de movimento por nossa rotina diária causa rigidez muscular, limitações articulares, fraquezas musculares, sobrecarga do sistema musculoesquelético, desequilíbrio muscular e postural. Essas alterações mecânicas geram pressão sobre os discos intervertebrais constantemente, provocando o deslocamento da parte central do disco para além de seus limites normais. Simplificando, o disco não resiste e ocorre a hérnia.
Algo de errado aconteceu e ainda acontece no corpo, surgem as dores, as limitações e até a falta de sensibilidade. As consequências de uma hérnia de disco não tratada, são bastante graves e não devem ser ignoradas. Se a falta de mobilidade foi a causadora da hérnia, que geralmente leva alguns anos para acontecer, devolver a mobilidade perdida é a melhor solução. Como o repouso irá resolver esse caso? A dor é treinável e muitas pessoas se acostumam com ela, mas é possível viver sem, e isso também é treinável. Com a dor surge o medo e a insegurança de se movimentar, eu também teria, mas vamos pensar que está tudo em desequilíbrio. Quanto mais desequilibrado está, mais desequilibrado ficará, é isso que o corpo e cérebro conhecem.
Negligenciar o movimento que já está ausente no dia a dia, ou o movimento vicioso e com sobrecargas, não resolverá um problema que surgiu por falta ou excesso dele. Dá para perceber isso? O corpo precisa de liberdade para se movimentar com qualidade, sem amarras. É necessário que os profissionais tenham coragem e conhecimento para reabilitar através do movimento e, também ensinem seus pacientes a se movimentarem durante suas atividades diárias. O movimento deve ser seguro, sem modismos, sem receitas milagrosas, nem formulas prontas, são pessoas diferentes, mesmo quando a dor é no mesmo lugar.
Estimular o repouso faz com que o paciente pague um preço muito alto. Eu tenho clientes que não sabiam a diferença entre ombro e cotovelo, se moviam sem consciência e não conheciam o próprio corpo. Movimento é vida, movimento é cura, não quero criar um dogma, mas precisamos ter liberdade ao se levantar ou deitar, sermos autossuficientes para irmos e virmos para termos uma vida feliz, livres de lesões e dores.
É necessário esfriar a cabeça, não temer a hérnia e acreditar que o corpo é adaptável, é treinável. Da mesma forma que você pode se fazer mal através de hábitos ruins, também pode se fazer bem ao escolher bons profissionais que te mostram que manter bons hábitos é o caminho certo. Transforme esse medo e repouso em busca pela correta solução. Não acredite em tudo o que te falam, pois, quem sofre é você. Apenas enfrente! Não precisamos ficar inertes porque temos o diagnóstico de hérnia, não se preocupe mais do que o necessário, existe vida lá fora e precisamos nos movimentar.
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