Maior ação criminosa de SC completa uma semana com montagem de “quebra-cabeça”

Por: OCP News Criciúma

07/12/2020 - 21:12 - Atualizada em: 07/12/2020 - 21:30

Nesta segunda-feira, completa uma semana do assalto à tesouraria regional do Banco do Brasil de Criciúma, ação criminosa que ainda sitiou a cidade, deixou um policial militar gravemente ferido e levou tensão a grande parte de moradores que não dormiram naquele dia.

Segunda se despedia, por volta das 23h50min, quando dez veículos de luxo – de Land Rover a BMW, cercaram as dependências do quartel da Polícia Militar, no bairro Próspera, onde é a sede do 9º Batalhão de Polícia Militar e a 6ª Região de PM, que é responsável por 27 municípios das regiões, Carbonífera e Extremo Sul catarinense.

Um plano audacioso. Ao contrário de muitas cidades pequenas e apesar de Criciúma ter cerca de 230 mil habitantes, o quartel é considerado um dos mais modernos e extensos do estado. Lá fica também a Central Regional de Emergências, também sede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Foto: Reprodução

Após cercarem o local, efetuando dezenas de disparos e ainda incendiando um caminhão no portão de acesso, eles seguiram – ou parte deles -, para o alvo principal: à agência do Banco do Brasil, no coração da cidade, na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Lauro Müller.

Foto: IGP/SC

Quem passar por lá, ainda vai encontrar as marcas dos tiros, rombos potentes, em janelas e paredes.

Foto Reprodução

Dali, foram duas longas horas. Muitos tiros, explosões, cinco reféns, que não se feriram, e a tentativa de render quem passasse pelo local.

Ao menos, conforme os registros, eles alvejaram dois veículos que transitaram no entorno, um deles de uma empresa de vigilância. À época, falava-se que o vigilante também poderia ter sido alvejado, o que não ocorreu. O outro motorista também saiu ileso. Ficou o susto e a história para contar.

Reprodução

Despedida debochada

Após desfilarem com seus potentes armamentos e escalarem até prédios, com o dinheiro em mãos – cerca de R$ 80 milhões, eles deixaram, nos mesmos veículos de luxo, a área central da cidade. Sem alarde. Sem velocidade típica de fuga. Ligaram os piscas-alerta e transitaram, parecendo comemorar o plano, que parece, até aquele momento, ter dado certo.

Deixaram cédulas para trás, recolhidas por alguns moradores. Quatro deles foram presos com R$ 810 mil. Outros R$ 300 mil foram apreendidos pela polícia. Para trás, também deixaram mais de 200 quilos de explosivos.

Foto: Reprodução

Prisões

Com a saída, para evitar o confronto, em seguida, as forças policiais dominaram o local. Lá, os primeiros trabalhos investigativos davam início. Perícia, troca de informações, mobilização, apreensões.

Foto: Polícia Civil/Divulgação

Quem mora em Criciúma se acostumou com os rasantes de helicópteros. Dez veículos usados, pintados de preto, e de forma amadora, foram encontrados em um milharal no bairro Picadão, em Nova Veneza, a menos de 20km de Criciúma. Dali, novas pistas. Um comprovante de abastecimento em um posto de combustíveis de Campinas (SP), deixado dentro de um dos carros, levou a prisão de um casal, na sexta-feira.

Foto: Fabrício Júnior

Antes, no final da tarde de quarta-feira, a Polícia Rodoviária (PRF), que atua no Rio Grande do Sul (RS), deteve três suspeitos de envolvimento em Passo de Torres, cidade catarinense na divisa com o litoral norte gaúcho.

Cerca de R$ 40 mil em espécie foram apreendidos. Outros dois foram presos em São Leopoldo. Segundo informações da PRF, eles foram abordados em um veículo, com placas de São Paulo, dentro do qual foram apreendidos R$ 8 mil. A dupla é suspeita de agir como “batedor” da quadrilha. Eles foram autuados pelos crimes de organização criminosa e roubo a banco.

Foto: Talise Freitas

Ainda no RS, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Brigada Militar, prendeu um indivíduo em Três Cachoeiras, no limite com Morrinhos do Sul, cerca de 100km de onde o ataque ocorreu. Ele estava numa residência, onde os policiais encontraram uma calça com vestígios de sangue, o que pode indicar que outro homem envolvido no roubo, e que estaria ferido, também esteve no local.

Conforme o vice-governador e Secretário da Segurança Pública do RS, delegado Ranolfo Vieira Júnior, a casa pode ter servido de ponto de transição após o ataque.

Foto: Polícia Militar/Divulgação

Em Gramado, na Serra gaúcha, talvez a prisão mais relevante até o momento: Márcio Geraldo Alves Ferreira, vulgo Buda, foi encontrado em um chalé de luxo. O comparsa tentou fugir, mas foi capturado em um matagal pela Polícia Civil.

Sigilo

A polícia ainda não informou, para não atrapalhar as investigações, a função de cada um no crime e reforça que novas informações serão repassadas em momento oportuno.

Foto: Divulgação Polícia Civil do RS

Como esses dois últimos são faccionados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), originário de SP, mas com ramificações em diversos estados, inclusive em Santa Catarina, a Polícia Federal instaurou inquérito, sem prejuízo à investigação vigente, para apurar se, o financiamento do aparato criminoso foi arcado pelo crime organizado.

Primeira prisão

A primeira prisão ocorreu em São Paulo, ainda na quarta. Uma mulher, auxiliar de limpeza, de 31 anos. Foram apreendidos na ação, malotes de dinheiro do BB vazios, além de mais de 200 munições de fuzil, rádios transmissores, armas de fogo, seis tabletes de cocaína, espoletas de acionamento de explosivos e dez celulares.

Já a prisão mais recente ocorreu em Blumenau, na noite de sábado. O acusado estava hospedado em uma pousada, no bairro Vila Nova.

Foto Divulgação PMSC

“Com ele foram encontrados cerca de R$ 26.483 em espécie, um carro recém adquirido, chips de celular, um caderno com anotações financeiras, dois smartphones e demais elementos que o ligam ao crime”, informou a PM em nota. Ele havia comprado o veículo à vista.

Total

Até o momento, ao menos, 12 suspeitos de envolvimento no maior roubo de Santa Catarina foram presos, em ações policiais distintas. Cinco prisões ocorreram no Rio Grande do Sul, quatro em Santa Catarina e três em São Paulo.

Fotos: Micheli de Quadros e Gustavo Wasem /IGP-RS

A polícia trabalha com a participação de, ao menos, 30 criminosos, direta e indiretamente e monta o quebra-cabeça para elucidar, de forma completa, a ação que deixou Criciúma conhecida até no exterior.

 

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